sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O motorista e o juiz

Em todo mundo, o funcionalismo público sempre tem os privilégios que a plebe não tem. Mas no Brasil, a coisa é muito pior.  O pessoal pensa que só porque passou em concurso público, julga-se a última cereja do bolo, como se fossem superiores aos demais cidadãos.
Nada ver.
Eles são profissinais como qualquer outro e assim deveriam se comportar.
No entanto, querem mais e mais mordomias e poder. 
Se compararmos o trabalho de um motorista de ônibus com o trabalho de um juiz, não tenho nenhuma dúvida em afirmar que o trabalho do motorista do ônibus é infinitamente mais importante, pesado, cansativo e massante.
Os motoristas respondem pelo que faz e pelo que não faz.
O trabalho de um juiz é só assinar papel e nada mais. Eventuais erros, omissões e prejuízos causados (que não são poucos) não são lhe cobrados. 
Não tem hora para trabalhar, não precisa de mostrar resultados, não tem que prestar contas para ninguém.
Tem sombra, água fresca, ar condicionado, carro a disposição, estagiárias gostosas, equipes de auxiliares que praticamente fazem tudo e um dos maiores salários do mundo.
Muitos, antes de serem juízes, nunca trabalharam na vida.
E, como se viu na reportagem, são arrogantes.
Se memória fosse fator de medição de inteligência,  o computador seria insuperável.
Passa-se em concurso público a base de decoreba.
Magistrado decoreba é o que não falta.
Que bom seria se os juízes trabalhassem um décimo do que recebem!

Apesar da afirmação do juiz, não vejo motivos para a revolta da categoria (diga-se, dos sindicalistas comunistas oportunistas).


Juiz não é motorista de ônibus, diz magistrado sobre reajuste salarial

Presidente da Associação dos Juízes Federais afirma que Planalto não pode igualar Judiciário a outras categorias; sindicato de motoristas promete processo .

25 de fevereiro de 2011 | 20h 14
Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo
 
A toga se declarou nesta sexta-feira, 25, "perplexa, chocada" com a decisão da presidente Dilma Rousseff (PT) de não negociar com a categoria, que reivindica reajuste de 14,79% a título de reposição de perdas inflacionárias.
"O governo não pode tratar sua relação com outro Poder, que é independente, como se estivesse negociando com sindicato de motorista de ônibus", declarou o presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Gabriel Wedy. Para ele, "o governo precisa evidentemente fazer essa distinção, não pode desconhecer o poder político dos juízes". 


A declaração do presidente da Ajufe foi recebida com indignação pela categoria dos motoristas. O coordenador do Departamento de Comunicação do Sindicato dos Motoristas de Ônibus de São Paulo, Nailton Francisco de Souza, classificou a afirmação de Wedy de "desrespeitosa e infeliz" e disse que pretende mover ação contra o magistrado. "Vamos unir todos os trabalhadores de transporte do Brasil para mover uma ação contra este cidadão", afirmou. "No mínimo, é preconceito. Quem é esse juiz para achar que, só porque vive em uma casta, é superior aos outros trabalhadores?"

Argumentos. No mandado de injunção no Supremo Tribunal Federal subscrito pela Ajufe, os magistrados pleiteiam a reposição com o argumento de que a omissão do Congresso lhes subtrai direito constitucional de irredutibilidade de vencimentos.
Em agosto de 2010, o STF enviou projeto de lei ao Legislativo reivindicando os quase 15%, mas não houve resposta até agora dos parlamentares. A pretensão dos magistrados esbarra na disposição do Palácio do Planalto de promover um ajuste nas contas públicas após o corte de R$ 50 bilhões do Orçamento. O governo avisa que não vai se curvar a pressões.

"Ficamos impressionados com essa reação do governo em início de gestão dizendo que vai ficar mais um ano descumprindo a Constituição", afirma Wedy. "O governo foi muito inábil, com uma declaração duríssima, desconhecendo o poder político do magistrado." Para ele, "o governo precisa ter a dimensão que está negociando com outro Poder de Estado, que é o STF."

"Causa espanto o governo nos comparar a outras categorias", insiste. "Falta tato político ao governo. É importante que a presidente Dilma realize uma interlocução de forma mais qualificada com o STF e com a magistratura do País. Não se está discutindo aumento de salário, mas a funcionalidade do teto constitucional."

Os magistrados elegeram o ministro Nelson Jobim (Defesa) para o papel de negociador e vão pedir a ele que aceite a missão. Na próxima semana vão solicitar reunião com Jobim, a quem consideram qualificado para levar ao governo os argumentos e as razões da classe.

Jobim foi ministro da Justiça e presidente do STF. "Ele criou o teto constitucional, quando presidiu o Supremo", destaca Wedy. O vice presidente Michel Temer também poderá ser assediado. "Temer pode auxiliar o governo para a elevação do nível do debate como constitucionalista que é, tornando-o mais técnico, qualificado e menos emotivo." / COLABOROU LUCAS DE ABREU MAIA