sábado, 11 de setembro de 2010

Vamos resolver no par ou impar

Já escreveram por aí, que a Constituição foi feita para assegurar benefícios aos servidores públicos, no que eu concordo. Com as devidas exceções, eles recebem os melhores salários, tem os melhores empregos, não prestam contas a ninguém e ainda por cima, estão acima da lei, ou melhor, imune `as leis. Como é notório, as leis são para os 3 Ps. Aí, aparece o todo poderoso ministério público botando as suas manguinhas de fora. Assim é fácil. O ministério público, apesar de todos os benefícios e garantias, ainda não comprovou a sua necessidade no estado de direito, já que ficou mais que comprovado, é um verdadeiro COVARDÃO. O judiciário, ídem. Daqui a pouco vamos ter que resolver nossas querelas no braço ou no par ou impar. Talvez seja mais rápido, justo e barato.

11/09/2010 - às 12:00
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto

Se a Constituição valesse para todos, o presidente da República já teria sido demitido por abandono de emprego

Na semana de 30 de agosto a 5 de setembro, o presidente da República foi chefe de governo durante 6 horas e chefe de campanha eleitoral nas 162 restantes. No dia 3, uma quarta-feira, Lula surpreendeu os porteiros, ascensoristas e secretárias do Palácio do Planalto ao aparecer por lá perto das 10 da manhã. Despachou até as 11 com a chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, almoçou com o presidente colombiano Juan Manuel Santos até as 3 da tarde, conversou por 30 minutos com o presidente da Telefonica e, às 4, deu por encerrado o expediente. Livrou-se do terno e da gravata, vestiu o uniforme de animador de comício, seguiu para o aeroporto e voou para longe de Brasília.


Como fizera nos três dias anteriores, manteve-se distante da capital nos três seguintes. No domingo, o balanço da semana avisou que o Primeiro Passageiro havia ficado mais seis dias a muitas milhas do local de trabalho. Nunca antes na história desta República um presidente frequentou tão pouco o gabinete e suou tanto a camisa no palanque. E nunca antes neste país um governante viajou com tamanha animação quanto Lula, comprovou o levantamento divulgado nesta sexta-feira pela Folha de S. Paulo.

Entre janeiro de 2003 e agosto de 2010, Lula ficou fora de Brasília 1.103 dias. São três anos. Os passeios internacionais engoliram 1 ano e 3 meses. Os giros pelo país consumiram 1 ano e 9 meses. A milhagem doméstica tem crescido extraordinariamente depois que o dono do Aerolula descobriu que “a maior obra de um presidente é eleger o sucessor”. Desde o começo da campanha eleitoral, aparece no serviço de vez em quando e faz um comício por dia. A sede do Poder Executivo é um palanque em trânsito. Não existem mais assuntos de Estado nem pendências administrativas. Todas as questões se tornaram políticas.

Os números do PNAD, por exemplo, aconselharam o chefe de governo a intensificar investimentos em saneamento básico e no combate ao analfabetismo. O chefe de campanha fez de conta que o Brasil está pronto e logo vai virar superpotência. O escândalo da Receita Federal aconselhou o chefe de governo a exonerar o ministro da Fazenda e seus subordinados que reduziram o Fisco a uma Casa da Mãe Joana. O chefe de campanha preferiu socorrer os bandidos e acusar as vítimas. Nada é mais importante que eleger Dilma Rousseff.

Ganhar a disputa sucessória não é uma das 29 atribuições do ocupante do cargo, fixadas pelo artigo 84 da Constituição. Governar o Brasil é: de acordo com o capítulo II, compete privativamente ao presidente “exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal”. Os registros na agenda atestam que Lula (sempre sem abrir mão dos incontáveis privilégios que escoltam o salário, como casa, comida e avião de graça) delegou a Erenice Guerra a tarefa que já dividiu com José Dirceu e Dilma Rousseff. Lula e Dilma acham Erenice uma executiva e tanto. Os brasileiros ajuizados acham que Erenice é a prova de que o país sobrevive a tudo.

Se a República fosse uma empresa moderna e o presidente estivesse submetido a mecanismos de controle, Lula seria afastado já no primeiro mandato por absenteísmo contagioso e incitação à vadiagem. Só vai chegar ao fim do segundo porque foi promovido a inimputável pelo Poder Judiciário. Depois de desafiar a legislação eleitoral, desdenhar do Código Penal e revogar todos os códigos morais, Lula está provando que a Constituição não vale para todos.

Se valesse, o presidente que deixou de presidir o Brasil para presidir um conglomerado político de alta periculosidade já teria sido enquadrado por desrespeito à nação e demitido por abandono de emprego.